Por que fazer terapia se eu já tenho com quem conversar?
Ter amigos é importante. Conversar, desabafar, rir, contar segredos faz diferença.
Mas terapia é outra coisa.
Na terapia, a relação não é de amizade, e isso é justamente o que permite ir mais fundo: olhar para o que você evita, encarar as repetições e se responsabilizar pelas escolhas.
Abaixo, explico as diferenças do jeito que eu trabalho.
1. Conforto x Consciência
Um amigo está lá para te confortar.
Vai dizer que “vai passar”, que está do seu lado, que o outro é o errado.
Na terapia, eu ajudo você a entender por que precisa de conforto.
O foco não é só aliviar, é perceber o que dói, de onde vem essa dor e o que você faz com ela hoje: foge, repete, endurece, explode, engole.
Terapia não é um colo eterno. É um espaço para enxergar o que mantém o sofrimento vivo.
2. Conselho x Responsabilidade
Amigos costumam dar conselho.
“Termina.”
“Aguenta mais um pouco.”
“Fala isso pra ele(a).”
Na terapia, eu não digo o que você “tem que fazer”.
Eu te ajudo a:
- Clarificar o que você sente e quer.
- Enxergar o que repete nas relações.
- Perceber o preço de cada escolha.
A decisão é sua.
Meu papel é apoiar você a assumir autoria da própria vida, não decidir por você.
3. Conversa solta x Escuta profunda
Com amigos, a gente conversa, pula de assunto, se distrai.
É bom, ajuda a aliviar.
Na terapia, a proposta é outra: escutar de verdade – inclusive o que você não quer ouvir de si mesmo.
No meu trabalho em Gestalt Terapia, olho para:
- Como você fala (não só o que fala).
- O que você evita sentir enquanto fala.
- As contradições entre o que diz, o que sente e o que faz.
Isso abre espaço para perceber quem você é hoje – sem máscara.
4. Amor x Apoio para você se amar
Amigos te amam como você é – dentro do possível deles.
Mas existem partes suas que talvez você oculte até de quem é próximo.
Na terapia, eu apoio inclusive as partes suas que você não suporta olhar.
Raiva, inveja, medo, fragilidade, ciúme, cansaço de “ser forte o tempo todo”.
Não é sobre te julgar ou te consertar.
É sustentar junto com você o desconforto de se ver inteiro, para que, pouco a pouco, você aprenda a se relacionar melhor consigo mesmo.
5. Segredo x Espaço Seguro
Um amigo guarda segredos.
Mas também tem a própria vida, opiniões, interesses, limites.
Na terapia, o compromisso é com o seu processo.
O setting terapêutico existe justamente para que você possa falar o que não fala em lugar nenhum – sem precisar proteger o outro, sem medo de “estragar a amizade”, sem medo de ser “demais”.
É um espaço estruturado, com sigilo profissional e limites claros.
6. Boa vontade x Formação e Técnica
Amigos te ajudam pela experiência de vida que têm.
Isso é valioso, mas tem limite.
Na terapia, além de estar com você, eu uso formação, teoria e prática clínica.
Meu foco é trabalhar:
- Traumas
- Padrões repetitivos
- Mecanismos de defesa
- Forma como você entra e sai de contato nas relações
Ou seja: não é só “bater papo”.
É um processo pensado, com começo, meio e evolução.
Em resumo
Amigos e terapia são importantes – só não são a mesma coisa.
- Amigos: apoio, afeto, companhia.
- Terapia: consciência, responsabilidade, mudança real de padrão.